A Copa começou, enfim.
Começamos bem. Apesar dos protestos de black
blocks em São Paulo e da greve dos rodoviários em Natal, de longe tudo
parece correr bem. Quem estava esperando mais uma vergonha nacional aparentemente
ficará só na esperança, ou só, com a Esperança.
O hino cantado à capela
na abertura, mais uma marca brasileira, emocionou a gregos e troianos, a
espanhóis e holandeses. Ele é a confirmação de que TODOS temos orgulho da nossa
brasilidade. Brasilidade tal que vem sendo construída arduamente desde o Brasil
Império.
Ao longo de toda a
História não há nada que tenha contribuído mais para a formação da nossa
identidade quanto o Futebol. Somente ele é capaz de unir em uma mesma bandeira
verde e amarela a arrogância do sul e a simpatia do norte, o pobre da favela
com o rico do asfalto, o litoral e o sertão. Antes ser conhecido como País do
Futebol que intitulado Reino da Corrupção.
Os problemas ainda são
inúmeros. Os estádios foram entregues. Os aeroportos, metrôs, portos e outras
cositas más... não. A desorganização ainda irá durar tanto quanto os nossos
bons votos. Culpa da seleção? Culpa da Fifa? Não. Culpa nossa de cada dia.
Sábio foi o Teixeira
Mendes quando elaborou a nossa bandeira republicana. Seu mestre, o também
filósofo Augusto Comte defendia um sistema com o Amor por princípio, a Ordem
por base e o Progresso por fim. Já imaginando que a Ordem e o Progresso
demorariam a vingar nesta terra brasilis,
Mendes preferiu não arriscar o Amor. Ainda que tenha apelado o Duque Estrada ao
escrever o hino, clamando ao Brasil para que ‘de Amor eterno seja símbolo o
lábaro que ostentas estrelado’.
O maior legado desta
Copa nós já conseguimos, caros amigos da Rede Globo. Ele é a ressurreição do civismo e patriotismo ocorrida
em todo o país nos protestos de 25 de junho de 2013, quando muitos carregaram o
pendão da Esperança nos ombros e cantaram aos gritos nosso hino. Que eles
continuem vivos até pelo menos outubro de 2014 e, contemplando o vulto sagrado,
compreendamos o nosso dever.