segunda-feira, 16 de junho de 2014

Amor, Ordem e Progresso




A Copa começou, enfim. Começamos bem. Apesar dos protestos de black blocks em São Paulo e da greve dos rodoviários em Natal, de longe tudo parece correr bem. Quem estava esperando mais uma vergonha nacional aparentemente ficará só na esperança, ou só, com a Esperança.

O hino cantado à capela na abertura, mais uma marca brasileira, emocionou a gregos e troianos, a espanhóis e holandeses. Ele é a confirmação de que TODOS temos orgulho da nossa brasilidade. Brasilidade tal que vem sendo construída arduamente desde o Brasil Império.

Ao longo de toda a História não há nada que tenha contribuído mais para a formação da nossa identidade quanto o Futebol. Somente ele é capaz de unir em uma mesma bandeira verde e amarela a arrogância do sul e a simpatia do norte, o pobre da favela com o rico do asfalto, o litoral e o sertão. Antes ser conhecido como País do Futebol que intitulado Reino da Corrupção.

Os problemas ainda são inúmeros. Os estádios foram entregues. Os aeroportos, metrôs, portos e outras cositas más... não. A desorganização ainda irá durar tanto quanto os nossos bons votos. Culpa da seleção? Culpa da Fifa? Não. Culpa nossa de cada dia.

Sábio foi o Teixeira Mendes quando elaborou a nossa bandeira republicana. Seu mestre, o também filósofo Augusto Comte defendia um sistema com o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim. Já imaginando que a Ordem e o Progresso demorariam a vingar nesta terra brasilis, Mendes preferiu não arriscar o Amor. Ainda que tenha apelado o Duque Estrada ao escrever o hino, clamando ao Brasil para que ‘de Amor eterno seja símbolo o lábaro que ostentas estrelado’.


O maior legado desta Copa nós já conseguimos, caros amigos da Rede Globo. Ele é a ressurreição do civismo e patriotismo ocorrida em todo o país nos protestos de 25 de junho de 2013, quando muitos carregaram o pendão da Esperança nos ombros e cantaram aos gritos nosso hino. Que eles continuem vivos até pelo menos outubro de 2014 e, contemplando o vulto sagrado, compreendamos o nosso dever.
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